BRASÍLIA: NATUREZA REINVENTADA
Abstract
A verdadeira "tradição" arquitetônica no Brasil, se voltarmos ao período colonial, não é a de um hedonismo tropical, e sim a de refúgio e proteção. Amedrontados da imensa vastidão do território, e dos perigos da floresta, os portugueses desenvolveram aqui um sentimento de "hostilidade atávica" em relação à natureza, como argumenta o romancista José Lins do Rego. Com a chegada de Le Corbusier, e da arquitetura moderna, ocorre uma grande transformação. A arquitetura deixa de ser uma fortaleza contra o meio para se tornar uma redução poética da natureza. No plano piloto de Brasília, Lucio Costa reinterpreta a tradição colonial em chave moderna, superando aquele passado pela alternância abrupta entre duas escalas: a residencial e a monumental (urbs e civitas). Inspirado no cartesianismo de André Le Nôtre em Versalhes, pensou uma cidade relacionada à linha do horizonte. Uma urbanidade que inventa a paisagem.