BRASÍLIA, LONGA DURAÇÃO
Resumo
Uma balbúrdia de vozes contradiz a imagem abstrata e colorida que se apresenta na tela do monitor. Um único elemento unifica som e imagem: o vento, com seu ruído sintonizado com o movimento das lonas. A paisagem sonora do curta Sin peso (2007), de Cao Guimarães, se contrapõe à câmara que mostra apenas e, por todo o tempo, lonas coloridas. À medida que damos conta do vento, e o identificamos como o mesmo, no som e na imagem, pode-se reconhecer que as lonas é que abrigam aquelas vozes. É assim que se vai adentrando a atmosfera tão conhecida dos mercados de rua, nesse caso, na cidade do México, no enquadramento proposto por Guimarães. Rememorei essa imagem, som e cor, ao atravessar o miolo de quadra entre a Caixa Cultural Brasília em direção ao Comércio Local Sul, quando pela primeira vez me defrontei com as "entranhas" de Brasília. Já tinha estado na cidade outras tantas vezes, entretanto em atividades formais, circulando pelas ruas principais, sempre dentro de automóveis, entre o Setor Hoteleiro e as instituições que me traziam à cidade. Dessa vez, pela primeira vez fui pedestre em Brasília em um cotidiano de montagem que me permitiu, ainda que por poucos dias, adentrar a cidade.